A INFANCIA E A VIDA

A INFANCIA E A VIDA

 

A infância de ISAURA foi marcada pela luta, pela renuncia, totalmente voltada para o trabalho. A família não tinha condições para estudar os filhos e muito menos para passeios e regalias, o que fica bem marcado na entrevista que ela concedeu à FOLHA DE BRODOWSKI, em 14 de maio de 2.007, de onde tiramos, com muita emoção e comoção, o seguinte trecho: Com apenas 12 anos, dona Isaura também ia para as colheitas de café para fazer a separação dos grãos”. “A gente fazia a catação do café, escolhia os bons e jogava fora os ruins”, lembra.

Isaura estudou no grupo escolar até o quarto ano primário. Precisou deixar os estudos de lado, para se dedicar ao trabalho. Apesar de ter estudado pouco, Isaura sempre foi muito estudiosa. “Os professores falavam que eu era inteligente, não queriam que eu parasse de estudar”, conta.

A entrevista em sua totalidade está reproduzida em outro capitulo desta modesta obra.

 

Ainda bem novo, JOSE ZAPOLLA, nascido no dia 30 de janeiro de 1.914, em BATATAIS, mudou-se para Brodowski procurando uma vida melhor, e foi trabalhar em uma pequena lavoura e aqui se tornou um verdadeiro CIDADÃO BRODOWSKIANO, se não de direito, por certo de fato e merecimento.

Veio tentar a vida na pequena Brodowski, emancipada em 1913, e foi trabalhar, por volta de 1.927, na padaria de Alfredo Morando. Foi lá que aprendeu o oficio de padeiro (origem do apelido, que a ele se incorporou como se fosse seu verdadeiro nome). Destacou-se com talento na realização do novo trabalho sendo, na época, considerado um dos melhores funcionários da empresa, conforme testemunho de seus colegas.  Participante ativo das atividades da Igreja Católica local, tornou-se Congregado Mariano na década de 30.

Depois de conhecer ISAURA nascida no dia 18 de agosto de 1.919, filha de JOÃO REBECCHI e MARIA LIDIA PINCELA REBECHI, e após um namoro de 5 anos, casou-se, em Brodowski-SP, em cerimônia simples, no Cartório de Registro Civil de Brodowski,  registrada sob o 34, fls. 103, Livro B-11,   no dia 10 de julho de 1.939. Moravam em uma casa simples, na Rua Floriano Peixoto, sem energia elétrica. Depois daquele tempo de trabalho como padeiro, estabeleceu-se em um pequeno bar, em prédio alugado, o qual chamou de BAR CANTA GALO, localizado na Rua Floriano Peixoto, esquina com a Praça Martim Moreira. Mudou-se depois de um longo tempo, para o mesmo quarteirão na Rua Floriano Peixoto, 936, local também alugado. Tiveram 7 filhos: Meire (04/05/1940), Clarice Derlei (02/02/1942), José Carlos (31/05/1943), Maria Dalva (21/03/1945), Antonio Douglas (17/11/1946), Vera Lucia (20/08/1949) e Áurea Beatriz (25/04/1952). Infelizmente Maria Dalva faleceu no dia 16 de março de 1.946, com menos de 1 ano de idade, vitima de meningite.

  José Zapolla trabalhou no Bar Canta Galo até meados do ano de 1.975, quando se aposentou, tendo graças ao seu trabalho, realizado o sonho de uma casa própria,  na Rua General Carneiro, 664, em terreno de 10mx21m, com 97,68m2 de área construída, adquirido de JOSUÉ FRAZONI, em 05 de abril de 1.965, onde passou a residir até o final de sua vida. Paralelamente, adquiriu também na Rua General Carneiro, a apenas 10 metros da nova residência, de JOÃO SEGHETO e AMELIA SAPAROLLI SEGHETO, por NCR$ 1.080,00, um terreno de 7mx21m. Nele foi construído o prédio onde funcionaria o Foto Douglas, hoje Douglas Vídeo Foto. Estes dois bens foram doados, ainda em vida, numa demonstração de consideração e respeito à família, aos 6 filhos, conforme escritura averbada no dia 2 de julho de 1.998, no Cartório de Brodowski.

Seu estabelecimento, BAR E SORVETERIA CANTA GALO, reduto dos bandeirantes, era ponto de encontro de todos os simpatizantes do tricolor mais querido da cidade. Ali imperava o que de mais importante um ser humano pode cultuar durante a vida: honestidade, respeito, trabalho, o que fazia com o que o bar fosse freqüentado também pelos torcedores do “outro clube”, BRODOWSKI FC. Todos conviviam em perfeita harmonia, ficando “as desavenças”, “as brigas” por conta dos fanáticos, e nunca por ele ou pela suas diretorias e jamais dentro do famoso BAR CANTA GALO, que passou a ser conhecido como o BAR DO PADEIRINHO, que fabricava os melhores picolé e sorvete da região, na opinião dos consumidores. Nos trabalhos do bar, a D. Isaura era o braço direito e dominava a arte de fabricar sorvete e doces como ninguém. Cozinheira de grande competência,  cozinhava maravilhosamente bem. Conhecia e sabia dominar como poucos,  os temperos certos.   

Outra paixão esportiva do ZÉ PADEIRINHO foi o glorioso mais querido, SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE, do qual era torcedor ferrenho, e vibrava muito quando o tricolor paulista era campeão. Mesmo debilitado pela doença, manteve-se interessado pelos jogos do SPFC até o final. Ele teria ficado imensamente feliz neste ano de 2.007 quando o seu time de coração sagrou-se PENTA-CAMPEÃO BRASILEIRO.

Quantos amigos inesquecíveis:  Zeferino Orlandini, Ignácio do Prado, Marden Garducci, Eugenio Stechini (falecido em 26/01/1973) e D. Carolina (seu Coqui ), Lebre, D. Mena, José Fiocco, João Albarello, Lair, Miro, Mozart, Geraldo Carreira, Geraldinho Carreira, Célio Magalhães, Prof. Saul (Quinzinho), Quedo Valente, Pedrinho Jacobini, Dominique, (estes já falecidos), Geraldo Gotardo (Alemão), José Luiz Carreira,  Jair Valentim (Escurinho) Wilson Lascala (Baiano), José Marcos,  Vado Correia, Nilo Lascala, Piota, Carlito, Mário Braguini, Vadão, Carlito, Valentim (Bichim); Caetano Jacob, Nelson Agostinho, Valentim Adami, Nego Carvalho, e quantos outros  ........, Quanta saudade.

Isto era seu orgulho maior. Amigo e companheiro de todos, o importante para ele e para a D. Isaura, era cultuar uma amizade sincera, desinteressada e sempre trabalhando em prol de todos. Cultuavam isso também com os vizinhos da época, com os quais mantiveram fortes laços de amizade. Entre os anos 1939 até 1975 aproximadamente, as famílias vizinhas: FIOCCO (José Pio Fiocco e D. Luzia , Hildebrando, Hélio e Nenê; STECHINI, ( O sr. João, a D. Carolina, Aníbal, Eugenio,  o querido Coqui ); SAADI ( José Abrahão Saadi (Lebre)/D. Cleonice e as filhas Maria José, Cleuza e Márcia, D. Mena e a D. Nazira; LORENCINI ( Sr. Basílio, jardineiro, a D.Maria, e as filhas Eunice e Dirce; VALENTE (Sr. Ângelo, D. Giorgina e os 10 filhos (um deles, Marimar, viria ser esposa do José Carlos. ).

Uma menção também para  saudoso SAID, amigo que tanta ligação tinha com a família Zapolla. Responsável pelo nome do filho ANTONIO DOUGLAS.

Uma das maiores tristezas da vida do casal José/Isaura, mas que aceitaram com resignação, sabendo entender os desígnios de DEUS, foi em agosto de 1962, quando do nascimento de sua primeira neta, Rosemeire Aparecida, filha de Meire/Flávio. Problemas durante o parto causaram-lhe severas lesões cerebrais, tornando-a totalmente dependente de cuidados dos pais.  Isto levaram no coração até o final de suas vidas, mas nunca com revolta e indignação.

Após a aposentadoria, com o conseqüente cerrar de portas do BARE E SORVETERIA CANTO GALO, o famoso BAR DO PADEIRINHO, na Rua Floriano Peixoto, o casal mudou-se para a casa que tinham construído com tanta luta e dificuldade, na Rua General Carneiro, 664. Sua distração passou a ser então as pescarias com os amigos, nos rios vizinhos, RIO PARDO, RIO SAPUCAI, RIO DO ADÃO, RIO MOGI, às vezes com o Covinha no rancho em PRIMAVERA. Quantas pescarias com os amigos José Seleghim, com o Nelson Mello (Natana), com o Antonio Carlos Jacob ( que indo trabalhar em Franca, o deixava sozinho na ida  na Ponte do Rio Sapucaí para pegá-lo de volta à tardezinha, e tantos outros pescadores. Quanta disposição, vontade e coragem. Conta a história que após  subir em uma arvore cujo galho quebrou e ele caiu dentro do rio. E não sabia nadar. E estava sozinho. Passou um sufoco, mas foi protegido. E a história do relógio que ele perdeu e o pescou no dia seguinte, funcionando. Verdade. Pergunte ao Antonio Carlos Jacob.  Quantos peixes iscados que ela dava de bom grado para os seus amigos, sem jamais querer algo em troca.

Passava as horas também jogando o seu tradicional truco e bochas no C. A. Bandeirante ou no páteo da antiga estação ferroviária.

Com o avançar da idade foi abandonando a pescaria. Passou a se dedicar ao cultivo de vassouras, milho, feijão e pipoca em terrenos cedidos por amigos. Sempre por puro prazer, nunca para ganhar dinheiro. Quantas vassouras dadas aos amigos.... Quanta pipoca distribuída...

E a D. Isaura, comprovando aquilo que seus professores de primário diziam, realmente tinha muita facilidade para aprender. E depois do fechamento do BAR DO ZÉ PADEIRINHO passou a se dedicar à cozinha (e como cozinhava bem), a fazer tricô e crochê, com trabalhos lindos, que sempre eram presenteados para uma filha, uma nora, uma neta, uma amiga.

Isto preenchia os seus dias com saúde, distração, alegria e principalmente muita simplicidade. 

  Quanta saudade, quanta lembrança, quantas recordações.....

 

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